São Paulo vivencia atualmente a pior crise hídrica de sua história. Os níveis dos reservatórios em hidrelétricas e estações de tratamento baixaram de maneira crítica, e a maioria das cidades no estado tiveram que adotar um regime duro de racionamento. Isso se refletiu duramente na população, que precisou alterar da noite para o dia hábitos de consumo construídos de maneira errada ao longo de anos; e a maioria das pessoas concorda que, se houvesse uma ação mais forte de conscientização antes da crise começar, o processo de economia de água teria sido menos traumático.
Assim como aconteceu com a crise hídrica, vemos o mesmo com uma série de outras questões sociais e ecológicas. Muitas mulheres descobrem o câncer de mama muito tarde por falta de eventos que conscientizem as mulheres sobre a importância do autoexame. Vítimas de racismo e outras formas de preconceito reclamam da ausência de campanhas que discutam abertamente esses problemas antes que eles se tornem a fonte de crimes e tragédias.
É nesse espaço entre os problemas e a conscientização sobre os problemas que o seu evento pode se tornar referência. E o sucesso do seu evento em tornar-se referência não será medido pelos gastos nem pelos ganhos, mas pela atenção que conseguir trazer para a questão discutida.
Eventos de conscientização não precisam ser tão grandes quanto eventos corporativos; eles podem ter um orçamento mais baixo. O importante é promover uma ação que gere reflexão nas pessoas. Para isso, é essencial se movimentar, ir até onde as pessoas estão – diferente de outros eventos, em que os interessados buscam participar. É por esse motivo que, muitas vezes, vemos excelentes eventos de conscientização acontecendo em plena rua.
Estes eventos de conscientização são interessantes para o público corporativo na medida em que eles associam a marca da empresa a uma determinada preocupação social. A imagem da marca é associada a boas ações, um branding positivo que beneficia muito inclusive o desempenho comercial da empresa.
Mas é claro que os eventos de conscientização não são simplesmente um meio para atingir um fim – uma ação de marketing para beneficiar empresas. Muitos deles são realizados por ONGs simplesmente para, de fato, melhorar o mundo em determinado aspecto. Essas ONGs não têm dificuldades em encontrar patrocínio corporativo para seus eventos, justamente pelo interesse das empresas no branding proporcionado por essas ações.
Aqueles que buscam organizar eventos de conscientização também podem obter apoio governamental, especialmente para questões que afetam a população como um todo. A crise hídrica é um exemplo: ações para conscientizar a população a economizar água são de pleno interesse do governo, pois a crise é um problema generalizado e que exige uma preocupação política.
Atualmente, os eventos de conscientização estão sendo muito mais procurados – talvez por que hoje temos mais problemas, ou talvez por que as pessoas estão começando a sentir na pele os resultados desses problemas. Seja qual for o motivo, os profissionais da área de promoção de eventos estão sendo requisitados para criar atividades que levem a população a pensar, a se prevenir e a tomar atitudes a respeito destes problemas – doenças, crises ecológicas, debates sociais e políticos. Aqueles profissionais que conseguem elaborar eventos simples de alto impacto conseguem não apenas elogios de seus clientes, mas uma forte atenção nas mídias sociais. Já para os patrocinadores e idealizadores, o retorno vem na forma de exposição e promoção do seu trabalho, marca e produtos. Porém, independente dos ganhos materiais e profissionais é sempre bem-vindo: afinal, em tempos de crises (não “crise”, mas “crises”) todos devemos fazer a nossa parte.